quinta-feira, 26 de março de 2009

Vamos aprender com o CAPITÃO AZA (parte I)

A data de estréia era 3 de julho de 1967, na TV Tupi, o que seria um dos programas infantis de maior audiência... O Capitão AZA, com abertura: “Alô, alô, Sumaré, alô Intel Sat, atenção turbina número 1, atenção turbina número 2, atenção meus cadetes, atenção crianças de todo o Brasil, alô Iapoque, alô Chuí, atenção Guanabara, aqui fala o Capitão Aza, comandante chefe das Forças Armadas infantis do Brasil... .” “Comandando uma astronave rasgando o céu,vou pisando em estrelas, constelação deixa longe o mundo aflito e a bomba H. Corpo livre no infinito eu vou na estrada do sol...” O ator Wilson Viana, põe seu capacete alado, veste seu macacão de aviador, entra no seu avião de combate, e surge o “Capitão Aza”. O perfil do ídolo da garotada, um herói sem poderes que antes de tudo teria que ser um companheiro e amigo que ajudasse na formação moral das crianças (exatamente, houve época em que os produtores de programas infantis tinham a preocupação de passar alguns “valores”, ajudando na formação do caráter e cidadania... hoje os únicos “valores”, que eles se preocupam em passar, são o dos patrocinadores). O Capitão Aza foi responsável pelo lançamento de grandes séries como: os desenhos dos personagens da Marvel (Thor, Homem de Ferro, Namor, Homem Aranha e o Incrível Hulk), desenhos inesquecíveis, Speed Racer (melhor que o filme e 550 vezes melhor que essa versão de 2009), Fantomas, Brasinhas do Espaço, Ultra-Seven (na minha humilde opinião o melhor dosUltras”), Robô Gigante, entre muitos outros.

Os produtores do programa (Paulo Pontes e Vianinha) foram procura o Ministério da Aeronáutica, para obter dados para criação do personagem (nesse momento ainda não se tinha o nome a ser usado, se baseavam no Capitão Canguru da CBS americana e no Capitão Furacão, nacional, baseado num “velho lobo do mar” obviamente relacionado com a marinha). Foram recebidos pelo chefe de relações públicas, Coronel Fisher, do Centro de Relações Públicas da Aeronáutica (Cerapa). Após uma conversa com os produtores, disse: “Gostaria muito de ajudar a TV Tupi, a fazer um programa dedicado à aviação”. O Coronel Fisher, forneceu muitos dados sobre heróis da FAB. Quando descobriram o Capitão aviador Adalberto Azambuja, evitava que vários companheiros, durante a Segunda Guerra, fossem abatidos, mesmo estando na mira do inimigo, fazendo manobras arriscadas para causar distração, infelizmente ele fora abatido. A idéia imediata foi fazer o Clube do Capitão Azambuja, momentos depois, Clube do Capitão AZA, abreviação de Azambuja, pensando os produtores, que todo mundo sabia que “asa” era um substantivo comum e não um nome próprio, e muito menos se escreve com “z”.(como poucos conheciam a verdadeira história do Capitão Azambuja, como se brasileiro lembra-se de alguma, começaram a surgir críticas de escolas, professores, pais e alunos mandavam carta ou telefonavam, preocupados com o “z” do AZA, a pergunta que não queria se calar: Aza não é com “s”?...fico aqui imaginando hoje em dia,2009, como nossos jovens escrevem nos Orkut´s da vida, as letras de nossas músicas que tudo podem, enfim nunca observei movimento para corrigir ou... bom mas isso é outra história...ou estória...). Com todos querendo a resposta, constantemente no programa o Capitão AZA, explicava de onde vinha o nome, que era a abreviação de Azambuja um herói de guerra, que morreu em defesa do nosso país. O Capitão AZA, contava com ajuda de um companheiro índio, depois foi substituído por uma garotinha de 6 anos, Martinha...que fez um estrondoso sucesso pela sua simpatia e profissionalismo. Na época o Presidente do Brasil, Presidente Médici proferiu a seguinte frase: “Capitão AZA, a sua responsabilidade é tão grande quanto a minha, conduza bem estas crianças”. Pode-se notar o sucesso e responsabilidade do Capitão AZA, mas o apoio da FAB foi decisivo, o programa recebia consultoria técnica, e todo tipo de ajuda (menos financeira), uniformes, aviões, helicópteros e etc. Vale à pena lembrar que a aeronáutica tinha um pé atrás pois certa vez, ajudou um programa que se chamava, Comandante Zero, que ficou 3 meses no ar, o que desgastou a imagem da aeronáutica, eles então pediram aos produtores do Capitão AZA que ficassem pelo menos 6 meses no ar...foi prontamente atendido o programa ficou 11 anos. O Capitão AZA ajudava as Forças Armadas a divulgar projetos e atividades para crianças, visitava escolas, orfanatos, instituições de caridades, e outros lugares, e onde ia, eram acompanhados de um ex-combatente, da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e de um policial militar. Eles representavam o civismo e aconselhava as crianças a respeitarem e a confiar nas autoridades. A contribuição para as Histórias em Quadrinhos, do Capitão AZA, acabou sendo indireta mas de grande importância para nós leitores e amantes da nona arte, graças aos desenhos animados da Marvel (anos 60) que fizeram grande sucesso, mas grande mesmo. Que chamou a atenção da Editora Bloch, que na época tinha como seu diretor, Moyses Weltman, conseguindo junto a Trasword Feature Syndicate, autorização para publicar no Brasil, as histórias da Marvel comics. Esse projeto levou a editora a publicar 15 títulos por mês, ou seja, cada personagem tinha sua própria revista, pela primeira vez. Os títulos eram: O Incrível Hulk, Capitão América, Namor, Tocha Humana (original), Homem Aranha, Homem de Ferro, O Demolidor, Os Vingadores, Os Defensores, Thor, Kazar, Mestre do Kung Fu, Motoqueiro Fantasma e Punho de Ferro (alguns na época chamavam de Punho de Aço).

Infelizmente o Capitão AZA acabou, junto com a falência de emissora Tupi. Conheça a programação do Capitão AZA: Túnel do Tempo, Abbott e Costello, Mr. Maggoo, Rin Tin Tin, Bat Masterson, Robô Gigante, I Love Lucy, Capitão Furacão, Perdidos no Espaço, O Homem de Seis Milhões de Dólares, Nacional Kid, Betty Boop, Thunderbirds, Super Dínamo, A Turma do Lambe Lambe, Clube do Mickey, Vila Sésamo, Shazan, Xerife & Cia., A Família Addans e Batman.

Essa homenagem que presto, humildemente, ao Capitão AZA foi possível, por que a mais de 10 ou 12 anos atrás ganhei de presente um livro, de uma diretora da escola de desenho que trabalhava, que se chama Baú da Ficção – nos tempos do Capitão AZA, de André Monteiro da editora Retrô. Como de lá pra cá, já mudei mais de 5 vezes inclusive de cidade, esse velho tesouro estava enterrado nas minhas coisas de desenho, como tenho caixas e caixas de livros didáticos e centenas de centenas de revista...um dia recebi um ultimato de organizar (na medida do possível) todo esse material... Em uma dessas caixas ao pegá-la eis que caí aos meus pés, esse fantástico livro, de imediato comecei a folheá-lo e minha mente volto há tempos ...então resoluto quis compartilhar desse material maravilhoso, comecei uma pesquisa, algumas perguntas para “velhos” amigos... E o material é esse. Espero que gostem e que de alguma maneira tenha resgatado a memória do Capitão AZA, e que mesmo não conhecendo André Monteiro agradeço pelo livro que fez, me ajudou muito. Dedico essa homenagem ao Capitão AZA a dois grandes desenhistas e amigos que me ajudaram muito em minha vida profissional: Fábio Vicente Baptista de Morais e Gilberto Assis (Giba), também pela amizade e incentivo pelas horas de reuniões para melhorar o curso de quadrinhos da escola em que trabalhávamos. Pretendo ainda falar um pouco sobre cada atração da programação do Capitão AZA.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Nova Linha de HQ da DC - E conheçam Mike Kunkel

A DC comics está lançando uma nova linha de revista para um público mais infantil...fantástica a iniciativa.

Tiny Titans, é uma leitura agradável que atende todo tipo de público os desenhos são bem agradáveis de ver e um colorido nada cansativo, envolto num clima de festa infantil. É a turma Titã em mini, miniatura.
Super Friends, será baseada nos bonecos feitos pela Matel, o interessante é que cada edição é de um desenhista novo, (não sei se mudará o roteirista), as histórias serão ecologicamente corretas, com atos de cidadania, e não envolvera violência. (infelizmente não tenho imagem).
Mas o que mais gostei foi, Billy Batson and the Magic of Shazam. De Mike Kunkel, será uma revista com um clima infantil, inocente e mágico, lógico com o vilão...Adão Negro em cena...o mais interessante é o traço de Kunkel.

Fonte: Newsarama

Kunkel é o vencedor de dois prêmios Eisner pelo seu trabalho na série, "Herobear e o Garoto”, ele também é designer, animador (não é de torcida), faz história em quadrinhos, livro infantil, criador, escritor, diretor...
Pelo que pude entender a história é de um menino que herda do seu falecido avô uma caixa cheia de “cacarecos” (seu avô sabe do que eu estou falando) tem um relógio mágico e um boneco de um urso.
Notem as letras em Negrito (bold)...menino urso de pelúcia...lembra alguma coisa? Estou me referindo à criação máxima de Bill Watterson... Calvin e Haroldo...Não estou querendo de forma alguma menosprezar ou dizer que um é cópia de outro, mas sim que às vezes, mesmo usando a mesma “fórmula” se tem resultados tão diferentes e surpreendentes...Às vezes meus alunos comentam que está cada vez mais difícil criar poder para heróis ou até histórias, concordo mas às vezes precisamos mudar o modo de como vemos as coisas, explorar, brechas, usar de maneira diferente, mas pra isso temos que estar atentos, ter muita leitura, não só de quadrinhos mas livros, prosas, poemas, analisar e tentar transmitir certas “fórmulas” de uma maneira inesperada, e para isso acontecer só tem um jeito...MÃOS A OBRA (seu avô também vai entender)
Consegui imagens do “Herobear e o Garoto” do próprio site do artista (Mike Kunkel)
www.theastonishfactory.com . Vale à pena conferir.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Tiras Jack & Melvin


9-10

Tiras Jack & Melvin


7-8

Quem gosta de quadrinhos tem que conhecer. O Mestre Álvaro de Moya


Tive o prazer de ver várias palestras com ele, e uma em Campinas, tive a oportunidade de conversar pessoalmente com ele durante uns trinta a quarenta minutos, me tratou como se fosse um velho conhecido, explicou do mercado, dos artistas, problemas e soluções me ouviu e gostou de idéias que tinha a respeito de Quadrinhos, principalmente nesse nosso país amado... a impressão que tive é que grandes mestre se mostram humildes e acessíveis, atenciosos e honestos, foi algo bem especial.

Normalmente decoramos os nomes dos artistas que gostamos, talvez pelo traço ou erroneamente pela estória (já que quem escreve o roteiro é o roteirista), decoramos nomes estrangeiros (exemplo os leitores de mangá tem decor vários nomes de artistas, e pronunciam com perfeição), mas as vezes esquecemos de olhar aqui pro nosso país...talvez decoremos os nomes da moda ou o mais constante na mídia, e esquecemos outros, os que fundamentaram os quadrinhos no Brasil, que possibilitaram ter o que temos hoje, pessoal que ama quadrinhos ( não aqueles que fingem amar, mas pra eles não passa de outra forma de tirar dinheiro dos outros).

Acho que todo mundo ouviu falar de Will Eisner (se não ouviu, ou você está morto a muito tempo, ou simplesmente não sabe o que é História em Quadrinhos) falou a respeito desse artista brasileiro, vou pegar um ou outro trecho.

"...estamos chegando à "idade madura" da arte de desenhar e escrever quadrinhos. Considero muito importante que alguém com sofisticação e a experiência de ... nesta área esteja se preparando para produzir uma História da História em Quadrinhos.

Para aqueles entre nós, preocupados com a qualidade sempre superior, que poderá conduzir a uma nova e excitante época no mundo dos quadrinhos, é fundamental obter um panorama claro de onde já estivemos.

Eu admiro o esforço e a contribuição de Álvaro"

Segue um pequeno resumo de sua bibliografia:


Álvaro de Moya (São Paulo, 1930) é um jornalista, escritor, produtor, ilustrador e diretor de cinema e televisão. É considerado por alguns como o maior especialista em histórias em quadrinhos do Brasil.
Professor aposentado da
Universidade de São Paulo, foi um dos organizadores da Primeira Exposição Internacional de Quadrinhos (junto com Jayme Cortez, entre outros), em 1951, na cidade de São Paulo. Além de ser a primeira exposição de quadrinhos da história do Brasil, foi de ineditismo também para o mundo.
Atuou por muito anos na televisão e foi diretor da TV Excelsior onde criou conceitos e estruturas que revolucionaram a maneira de se fazer TV na época e que de certa forma persistem até hoje.
Representou o Brasil em vários
congressos sobre quadrinhos no mundo, como em Roma, Buenos Aires, Nova York e em Lucca, um dos principais do mundo. Correspondente da revista Wittyworld, dos Estados Unidos, foi colaborador de enciclopédias editadas na França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Escolhido pela Universidade La Sapienza, de Roma, foi o único representante da América Latina em evento realizado na Itália, visando discutir o centenário dos comics.
Já fez também
charges e ilustrações com temáticas nacionalistas. Na Editora Abril, fez capas para as revistas O Pato Donald e Mickey.
Seu livro, Shazam!, de
1970, é, sem sombra de dúvida, o maior livro sobre quadrinhos do país. O livro não se resume apenas a fazer um pesquisa sobre a história dos HQs, mas conta com a colaboração de especialistas que debatem acerca da influência pedagógica e psicológica dos quadrinhos e a sua influência na cultura, tratando as HQs não somente como puro entretenimento, mas sim como um meio de comunicação que merece atenção por parte dos acadêmicos.

Bibliografia: História da História em Quadrinhos (Editora Brasiliense, 2ª Edição, 1993); O Mundo de Disney (Geração Editorial, 1996); 50 Anos de TV no Brasil, organizado por J. B. de Oliveira Sobrinho, o Boni (Editora Globo, 2000); Anos 50/50 Anos (Editora Opera Graphica, 2001); Vapt-Vupt (Clemente & Gramani Editora, 2003); TV Excelsior - Gloria in Excelsior (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004).

VAMOS COMEÇAR COM TUDO


Depois de um longo e tenebroso inverno, estou de volta e com ânimo redobrado para dar continuidade (para falar a verdade começar) , trazendo matérias, dicas de desenho as tiras famosas de Jack e Melvin e muito mais.

Como vocês me pediram estou fazendo um breve relato da História das Histórias em quadrinhos que inclusive é o título de um livro que ao lê-lo mudou meu modo como Arte-educador de ministrar minhas aulas de quadrinhos, é necessário sabermos a base daquilo que pretendemos estudar.

História da História em Quadrinhos foi escrita pelo mestre Álvaro de Moya (que vou fazer um breve relato da vida dele) pela editora Brasiliense – 1993 – no relato sobre esse autor tem a capa do livro.


Segue, o texto sobre um dos primeiros precursor da História em Quadrinhos no mundo, muito dos historiadores o consideram o primeiro, ele é:


Rudolf Töpffer (Genebra, 31 de Janeiro de 17998 de Junho de 1846) foi artista gráfico e escritor suíço, considerado um dos pioneiros no gênero de histórias em quadrinhos. O seu livro mais importante foi a Histoire de M. Vieux Bois (História do Sr. Pau Velho"), que foi publicado a 14 de Setembro de 1842 nos Estados Unidos, com o título The Adventures of Mr. Obadiah Oldbuck, e que é considerado o primeiro livro de história em quadrinhos publicado naquele país.

O desenho acima é dele.